terça-feira, 21 de julho de 2009

Crime e Castigo

Interrogado pelo comissário, jurou inocência. Inquirido pelo delegado, boltou a jurar. Não acreditaram. Foi indiciado, pronunciado, julgado, condenado. Sempre gritando que estava inocente.
No fim de cinco anos de prisão, acabou convencido de que era mesmo culpado. Pediu que o julgassem novamente, para agravamento de pena. Em vez disto, soltaram-no porque findara a pena. Saiu confunso, já não tinha certeza se era culpado ou inocente, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Como toda gente.
Carlos Drummond de Andrade

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