Se você é do mundo então você não faz parte do mundo dos crentes, considerando-se o que a expressão “o mundo” significa para eles.
As passagens bíblicas que explicam o que estou falando são várias, mas basta esta:
João 15:18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.
João 15:19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.
Dizer que alguém “não é deste mundo” pode ter diversas conotações, mas geralmente usamos esta expressão para nos referir a outro cujos hábitos o distinguem em muito da média em um ou mais aspectos. Quando os crentes dizem que alguém não é deste mundo estão falando deles mesmos.
Assim como os homens são de Marte e as mulheres de Vênus, os crentes crêem habitar um planeta diferente do nosso, cujas coordenadas astronômicas só eles conhecem, mas dizem situar-se numa dimensão chamada de “espiritual”.
Você pode conviver diariamente com crentes, trabalhar com eles, tê-los como vizinhos ou co-participantes de alguma atividade social, mas se você se considera um simples habitante do planeta Terra, sem pretensões a uma dupla cidadania cósmica, então mesmo o crente mais moderado o verá como representante do mundo que ele acredita odiar, o que inspirará nele, no mínimo, alguma cautela no trato com você.
Isto não implica que amizades entre crentes e não crentes sejam impossíveis, mas a amizade dedicada a um do mundo será, quase sempre, de natureza muito diferente daquela dedicada aos do mundo deles.
Esta restrição temerosa dos crentes ao mundo e tudo que vem dele, inclusive você, é a primeira barreira que dificulta as tentativas de entendê-los. Além de primeira, é a barreira mais difícil de transpor, uma vez que não é pessoal. Você pode ser a melhor ou a pior pessoa do mundo, para os crentes não importa. Se você é do mundo, para eles é um alienígena.
O único modo de alguém do mundo penetrar o mundo dos crentes é deixando o próprio. Como não emitem vistos de turista para o mundo deles, o único jeito de penetrá-lo é mudando-se para lá em definitivo, o que significa conversão.
Para quem a conversão não está nos planos, o mundo dos crentes pode ser conhecido apenas pela observação de fora, o que, como os astrônomos amadores sabem, exige técnica e equipamento adequado, sem os quais a observação traz por resultado antes um anedotário pitoresco do que conclusões plausíveis.
Como poucos dentre os do mundo dispõem desta habilidade ou recurso, mesmo porque a maioria tem mais o que fazer, o mundo dos crentes lhes é tão misterioso quanto os planetas de outros sistemas estelares. Perceptíveis por suas interações, mas invisíveis quanto aos seus aspectos interiores.
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